Como bons Aveirenses, nós já sabíamos que lá havia flamingos, já os tinhamos apanhado na objectiva na companhia da SPEA aquando da inauguração do Murtosa Ciclável em Set2008 :-)
Mas com esta notícia do Público-Fugas de 4 Abr 2009, todos podem ficar a par do que podem observar e que podem ir de bicicleta:
Em família
Há flamingos na Murtosa
Não
há outra maneira de dizer isto, nem valem a pena eufemismos ou
introduções: há flamingos na Murtosa, e isso é uma excelente notícia.
Temos de começar por aqui, porque sabemos que esta notícia não é coisa
pouca. Mesmo os mais distraídos saberão que não é comum encontrar estas
aves migratórias no Norte de Portugal - aliás, estamos mais habituados
a pensá-los em África, ou na América do Sul, mas eles também vivem nos
estuários do Tejo e do Sado. Pois parece que agora não estão apenas de
passagem pela ria de Aveiro, mas que se instalaram na margem esquerda,
ao longo do percurso ribeirinho da Murtosa, acrescentando um argumento
de peso no já vasto rol de motivos para visitar o percurso desenhado
pelo projecto NaturRia. O percurso tem já quilómetros, numa
estrada que sempre lá esteve, e faz parte da mobilidade da região. Mas
desde Setembro que foi transformado num traçado misto que, pela sua
planura, é cem por cento ciclável. Se as bicicletas ganham um aceitável
protagonismo, nada contraria as boas intenções que surjam para realizar
o passeio a pé, ou mesmo de carro (ok, desta vez deixa-se passar, mas
só se os acompanhantes mais novos do passeio forem demasiado pequenos
para pedalar dez quilómetros, ou haja intenção de fazer um opíparo
piquenique, cujos víveres ocupem mais de metade da bagageira do
automóvel).
Preferencialmente a pé, ou de bicicleta - até porque são modos bem
menos perturbadores do habitat natural que pretendemos visitar -, a
única coisa obrigatória para tirar um melhor partido deste passeio é a
paragem nas placas explicativas que existem ao longo do percurso, e que
disponibilizam informações temáticas que muito enriquecem a jornada.
A Primavera já chegou oficialmente - apesar de as temperaturas que se
têm sentido até já terem feito lembrar o Verão -, está mais do que na
altura de tirar as sapatilhas do armário, as bicicletas da arrecadação,
e, já agora, para quem os tiver, os binóculos da gaveta. Eles poderão
dar jeito, entre outras coisas, para ver as limícolas, as pequenas aves
pernaltas que se alimentam nos limos das margens.
A natureza é tão perfeita que as criou com tamanhos de bicos
diferentes, e é possível ver pilritos, maçaricos, mas também borrelhos
(por aqui há muitos da espécie borrelho-de-coleira-interrompida, já que
se reproduz na ria e por lá vive todo o ano), gaivotas, garças, patos e
muitas outras aves a alimentarem-se nas vazas das marés, com cada
espécie a retirar nas vazas o seu alimento a profundidades diferentes.
Quando a Fugas por lá andou, numa radiosa manhã de Março, não precisou
de binóculos para assistir a uma das mais bonitas coreografias que é
possível desenhar no céu, tendo o corpo de baile sido um numeroso bando
de flamingos. A culpa foi de um avião que sobrevoava ria a pequena
altitude e fez levantar o bando. Mas o resultado foi uma sincopada
dança nos céus, tão bonita quanto indescritível.
O voo dos flamingos, por si só, já valeria a deslocação à Murtosa. Mas
é mais do que justo referir que nem que eles por lá não andassem
haveria razões de sobra para justificar o passeio. Que os flamingos não
nos ouçam - foi tão difícil tê-los por cá que ninguém quer que eles se
vão embora. Explica-nos o biólogo Rui Brito
que os flamingos são de tal modo exigentes no seu habitat que só a
qualidade das intervenções que têm vindo a ser feitas, a nível
supramunicipal, permitiu uma presença mais intensiva destas aves.
Deixemo-los, então, sossegados e vamos agora aos outros argumentos.
Moliceiros e outros barcos
Até agora só falamos de aves - e são muitas e variadas as que se podem
avistar durante o percurso - e ainda não é desta que as vamos
abandonar. Porque as gaivotas que vivem pela região merecem referência,
sobretudo nesta altura, em que se vestem de plumagens nupciais. Não é
eufemismo: é mesmo o termo técnico que, por exemplo, veste actualmente
o guincho comum, que começa a surgir com a cabeça preta...
Gaivotas, garças, cegonhas, maçaricos e pilritos, fuinhos dos juncos e
borrelhos - todas espécies avistadas pela Fugas durante a sua visita,
mas há mais por lá... até morcegos e corujas, garantem-nos. Esta
insistência nas aves não é forçada - não é por acaso que a ria de
Aveiro é Reserva Ecológica Nacional, e é internacionalmente reconhecida
como Zona de Protecção Especial para as Aves na Rede Natura 2000.
Se não tiver conhecimentos aprofundados de Botânica e Biologia, as
placas temáticas que foram colocadas ao longo do percurso tratarão de
lhe dar as informações essenciais e lhe apontar os factos mais curiosos
- às vezes eles estão debaixo do nosso nariz e não reparamos neles.
Textos simples, bem ilustrados, e que permitem saber, por exemplo, que
há mais de 40 embarcações diferentes que percorrem a ria. O moliceiro
é, justamente, um dos mais conhecidos, mas ao longo do percurso, e com
as paragens nos cais da Bestida, da Mamaparda, e mesmo na Ribeira de
Pardelhas (pertíssimo do centro da Murtosa), poderá conhecer e
cruzar-se com muitas mais embarcações.
Um dos aspectos mais relevantes deste projecto - e que o tornam
altamente recomendável para ser feito em família - é a possibilidade de
o calcorrear em estreita ligação com a população local, nos seus
trabalhos agrícolas ou na sua actividade pesqueira (na apanha de
crustáceos, bivalves ou da chamada "bicha" para a pesca).
Cada vez que for fazer o passeio, terá, com certeza, uma experiência
diferente. E é por isso que vale a pena fazê-lo. Muitas vezes. Até
porque ele tem uma grande e luxuosa vantagem nestes longos dias de
crise económica: só precisa de usufruir e respeitar a natureza, não lhe
vão pedir dinheiro nenhum de entrada.
Como ir
Pela A1, vindo de Lisboa, a saída de referência é a número 17, com
indicação de Oliveira de Azeméis/Ovar/Estarreja; quem vem do Norte,
pode optar pela A29 e sair na saída de Estarreja, tendo a vila de
Murtosa como destino - está sinalizada. O percurso pode ser iniciado na
Ribeira Nova, muito perto do centro da vila da Murtosa, ou, quem segue em direcção à Torreira, parar o carro antes de passar a Ponte da Varela, iniciando aqui o trajecto.
Comentários
Sobre a Murtosa Ciclável e os flamingos - notícia Público
Os Murtoseiros estão imparáveis! :-)
Para saberem mais leiam aqui no site sobre o Forum Murtosa Ciclável, sobre o NaturRia percurso ciclável da Natureza e CicloRia.
Está programado um encontro Primavera Ciclável para 19 abril 2009.
Como bons Aveirenses, nós já sabíamos que lá havia flamingos, já os tinhamos apanhado na objectiva na companhia da SPEA aquando da inauguração do Murtosa Ciclável em Set2008 :-)
Mas com esta notícia do Público-Fugas de 4 Abr 2009, todos podem ficar a par do que podem observar e que podem ir de bicicleta:
Em família
Há flamingos na Murtosa
Não há outra maneira de dizer isto, nem valem a pena eufemismos ou introduções: há flamingos na Murtosa, e isso é uma excelente notícia. Temos de começar por aqui, porque sabemos que esta notícia não é coisa pouca. Mesmo os mais distraídos saberão que não é comum encontrar estas aves migratórias no Norte de Portugal - aliás, estamos mais habituados a pensá-los em África, ou na América do Sul, mas eles também vivem nos estuários do Tejo e do Sado. Pois parece que agora não estão apenas de passagem pela ria de Aveiro, mas que se instalaram na margem esquerda, ao longo do percurso ribeirinho da Murtosa, acrescentando um argumento de peso no já vasto rol de motivos para visitar o percurso desenhado pelo projecto NaturRia.Rui Brito
que os flamingos são de tal modo exigentes no seu habitat que só a
qualidade das intervenções que têm vindo a ser feitas, a nível
supramunicipal, permitiu uma presença mais intensiva destas aves.
Deixemo-los, então, sossegados e vamos agora aos outros argumentos.
em direcção à Torreira , parar o carro antes de passar a Ponte da Varela, iniciando aqui o trajecto.
O percurso tem já quilómetros, numa estrada que sempre lá esteve, e faz parte da mobilidade da região. Mas desde Setembro que foi transformado num traçado misto que, pela sua planura, é cem por cento ciclável. Se as bicicletas ganham um aceitável protagonismo, nada contraria as boas intenções que surjam para realizar o passeio a pé, ou mesmo de carro (ok, desta vez deixa-se passar, mas só se os acompanhantes mais novos do passeio forem demasiado pequenos para pedalar dez quilómetros, ou haja intenção de fazer um opíparo piquenique, cujos víveres ocupem mais de metade da bagageira do automóvel).
Preferencialmente a pé, ou de bicicleta - até porque são modos bem menos perturbadores do habitat natural que pretendemos visitar -, a única coisa obrigatória para tirar um melhor partido deste passeio é a paragem nas placas explicativas que existem ao longo do percurso, e que disponibilizam informações temáticas que muito enriquecem a jornada.
A Primavera já chegou oficialmente - apesar de as temperaturas que se têm sentido até já terem feito lembrar o Verão -, está mais do que na altura de tirar as sapatilhas do armário, as bicicletas da arrecadação, e, já agora, para quem os tiver, os binóculos da gaveta. Eles poderão dar jeito, entre outras coisas, para ver as limícolas, as pequenas aves pernaltas que se alimentam nos limos das margens.
A natureza é tão perfeita que as criou com tamanhos de bicos diferentes, e é possível ver pilritos, maçaricos, mas também borrelhos (por aqui há muitos da espécie borrelho-de-coleira-interrompida, já que se reproduz na ria e por lá vive todo o ano), gaivotas, garças, patos e muitas outras aves a alimentarem-se nas vazas das marés, com cada espécie a retirar nas vazas o seu alimento a profundidades diferentes.
Quando a Fugas por lá andou, numa radiosa manhã de Março, não precisou de binóculos para assistir a uma das mais bonitas coreografias que é possível desenhar no céu, tendo o corpo de baile sido um numeroso bando de flamingos. A culpa foi de um avião que sobrevoava ria a pequena altitude e fez levantar o bando. Mas o resultado foi uma sincopada dança nos céus, tão bonita quanto indescritível.
O voo dos flamingos, por si só, já valeria a deslocação à Murtosa. Mas é mais do que justo referir que nem que eles por lá não andassem haveria razões de sobra para justificar o passeio. Que os flamingos não nos ouçam - foi tão difícil tê-los por cá que ninguém quer que eles se vão embora. Explica-nos o biólogo
Moliceiros e outros barcos
Até agora só falamos de aves - e são muitas e variadas as que se podem avistar durante o percurso - e ainda não é desta que as vamos abandonar. Porque as gaivotas que vivem pela região merecem referência, sobretudo nesta altura, em que se vestem de plumagens nupciais. Não é eufemismo: é mesmo o termo técnico que, por exemplo, veste actualmente o guincho comum, que começa a surgir com a cabeça preta...
Gaivotas, garças, cegonhas, maçaricos e pilritos, fuinhos dos juncos e borrelhos - todas espécies avistadas pela Fugas durante a sua visita, mas há mais por lá... até morcegos e corujas, garantem-nos. Esta insistência nas aves não é forçada - não é por acaso que a ria de Aveiro é Reserva Ecológica Nacional, e é internacionalmente reconhecida como Zona de Protecção Especial para as Aves na Rede Natura 2000.
Se não tiver conhecimentos aprofundados de Botânica e Biologia, as placas temáticas que foram colocadas ao longo do percurso tratarão de lhe dar as informações essenciais e lhe apontar os factos mais curiosos - às vezes eles estão debaixo do nosso nariz e não reparamos neles. Textos simples, bem ilustrados, e que permitem saber, por exemplo, que há mais de 40 embarcações diferentes que percorrem a ria. O moliceiro é, justamente, um dos mais conhecidos, mas ao longo do percurso, e com as paragens nos cais da Bestida, da Mamaparda, e mesmo na Ribeira de Pardelhas (pertíssimo do centro da Murtosa), poderá conhecer e cruzar-se com muitas mais embarcações.
Um dos aspectos mais relevantes deste projecto - e que o tornam altamente recomendável para ser feito em família - é a possibilidade de o calcorrear em estreita ligação com a população local, nos seus trabalhos agrícolas ou na sua actividade pesqueira (na apanha de crustáceos, bivalves ou da chamada "bicha" para a pesca).
Cada vez que for fazer o passeio, terá, com certeza, uma experiência diferente. E é por isso que vale a pena fazê-lo. Muitas vezes. Até porque ele tem uma grande e luxuosa vantagem nestes longos dias de crise económica: só precisa de usufruir e respeitar a natureza, não lhe vão pedir dinheiro nenhum de entrada.
Como ir
Pela A1, vindo de Lisboa, a saída de referência é a número 17, com indicação de Oliveira de Azeméis/Ovar/Estarreja; quem vem do Norte, pode optar pela A29 e sair na saída de Estarreja, tendo a vila de Murtosa como destino - está sinalizada. O percurso pode ser iniciado na Ribeira Nova, muito perto do centro da vila da Murtosa, ou, quem segue