O uso de capacete pelos utilizadores de bicicleta não é obrigatório.
A Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) emitiu um comunicado para assinalar a sua posição quanto à sugestão de obrigatoriedade do uso obrigatório de capacete para os utilizadores de bicicleta:
19 de Agosto de 2007
A Federação Portuguesa de Cicloturismo e
Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) vem por este meio assinalar a sua posição
quanto à sugestão de obrigatoriedade do uso obrigatório de capacete para os
utilizadores de bicicleta.
Tem sido sugerido por notícias presentes em
alguma comunicação social, assim como em projectos-lei para alteração do código
da estrada que o uso do capacete por parte de condutores de velocípedes sem
motor venha a ser obrigatório.
Sendo que qualquer utilizador de
bicicleta se deve preocupar com a sua segurança, o uso do capacete não deixa de
ser recomendado pela FPCUB, no entanto pelas razões abaixo indicadas, o uso do
mesmo, não deve ser considerado obrigatório.
Considerando que a tendência
prioritária, no panorama da mobilidade nas cidades, é a maior utilização de
Transportes Públicos assim como a promoção de modos suaves como o andar a pé ou
de bicicleta, a FPCUB considera nefastos os efeitos que uma lei de
obrigatoriedade do uso de capacete teria, nomeadamente em:
· Redução
do número de utilizadores de bicicleta nas estradas Portuguesas, à semelhança do
que aconteceu noutros países com a introdução de leis similares;
·
Desincentivo ao uso de bicicleta para curtas deslocações e a baixas
velocidades;
· Manutenção do espírito competitivo que se vive nas estradas
portuguesas ao estilo do ‘quanto mais rápido melhor’ e como se sabe, mais
perigoso também.
· Desinteresse pelas medidas de intervenção ao nível do
desenho e adaptação do espaço urbano, desprezando o interesse de uma convivência
de maior variedade de modos de locomoção, que por sua vez aumentaria, a
segurança de todos.
· Desequilíbrio ambiental, marginalizando um meio de
transporte não poluente com vantagens evidentes para a saúde pública, quer seja
para os seus utilizadores quer pela redução de emissões de CO2 e partículas
poluentes que tanto assolam as nossas cidades e derivam principalmente do uso
massivo do transporte motorizado individual.
· Prolongamento do
congestionamento existente das vias rodoviárias.
Resumindo, esta
medida é altamente penalizadora para o uso da bicicleta e contraproducente para
a segurança rodoviária de todos. Está perfeitamente estabelecido que, quanto
maior é a percentagem de deslocações realizadas a pé ou de bicicleta num país ou
comunidade, melhor é a segurança rodoviária de todos. Acresce que, num contexto
onde serão necessárias políticas coerentes de mobilidade, todo o quadro
legislativo terá que ser construído de forma a não desencorajar os usos de modos
mais sustentáveis.
A Federação Portuguesa de Cicloturismo e
Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) considera que os utilizadores de bicicleta
devem ter consciência dos perigos que incorrem sempre que usam a bicicleta e que
decidam em função do percurso e da sua própria percepção do perigo a necessidade
ou não do uso do capacete.
Análise das leis de obrigatoriedade do uso do capacete na Austrália e em Espanha
segundo anabananasplit no grupo de debate «Bicicultura»:
«Um tema que me é caro. Descobri ontem o artigo espanhol, e achei que
complementava bem (é aqui ao lado e tal) o excelente artigo sobre a lei
na Austrália, que é suficientemente ousado para abordar mais do que a
questão da obrigatoriedade, a capacidade protectora efectiva dos
capacetes para ciclistas.»
Os textos estão em anexo!
Anexo | Tamanho |
---|---|
mandatory_helmet_spa.pdf | 183.43 KB |
081125BikesHelmetPolicy.pdf | 135.98 KB |