carina fonseca |
![]() |
Carregar compras na bicicleta é usual, contam alguns habitantes |
Carina Fonseca
"Não
faz ideia das compras que eu consigo levar aqui! É como um carro
carregado", diz Maria Vilanova, de 57 anos, a apontar para a traseira
da bicicleta, onde está fixada uma caixa de plástico preta. Não é caso
único. No concelho de Cantanhede, o uso de bicicletas é banal. Os
veículos surgem em toda a parte, encostadas a bancos de jardim, à
entrada de cafés ou a circular entre os automóveis. José Matias,
técnico superior de administração da Câmara Municipal de Cantanhede
(CMC), justifica tal hábito com as características do relevo "Estas são
zonas planas".
"A bicicleta é o meu meio de transporte. Todos os dias faço, nela, mais
de oito quilómetros". Maria Vilanova só vê vantagens nisso "A gente faz
ginástica e a ela arruma-se em qualquer lado. Quando chove, guio com o
guarda-chuva aberto". Laurindo Seabra, 71 anos, também garante não
trocar a sua "antiguinha", que "já tem uma porrada de anos", por outro
veículo. "Nem por 40 contos a vendia!", solta, antes de partir a
pedalar, cheio de pressa.
José Matias é incapaz de precisar quantas bicicletas há no concelho, já
que os registos deixaram de ser obrigatórios há vários anos. Com alguma
pena de Rosa Lebre, administrativa da CMC "Dava jeito que as bicicletas
estivessem matriculadas, até para quando se perdem ou são furtadas.
Aqui furtam imensas, sobretudo as mais cuidadas. É como se a bicicleta
fosse um carrão!".
É por já ter ficado sem uma bicicleta que Maria da Conceição Carvalho,
de 35 anos, guarda a sua no apartamento. "Não vale a pena andar de
carro, estacionamos sempre longe do sítio onde queremos ir. E faz bem
andar de bicicleta!".