"A nossa ideia é mostrar que é possível andar de bicicleta na cidade - mesmo em Coimbra, que tem muitas subidas". As palavras são de Paulo Andrade, de 41 anos, uma das pessoas que ontem se reuniram, no Largo da Portagem, em Coimbra, para mais uma "bicicletada". A iniciativa, que consiste num passeio de bicicleta, patins, trotinetes ou outros veículos não motorizados por zonas urbanas, acontece nas últimas sextas-feiras de cada mês.
Por trás das "bicicletadas" está o Movimento Massa Crítica, que se define como uma "coincidência não organizada". "Não há uma estrutura. Encontramo-nos aqui e quem puder aparece, sem quaisquer obrigações", explica Paulo, junto da sua bicicleta, com um autocolante onde se lê "Um carro a menos!". E completa "Seria bom haver mais espaços dedicados às bicicletas e facilidade para as levar nos transportes públicos. Em Lisboa, elas podem ir no metro, com algumas restrições em termos de horários, mas já é alguma coisa".
Mário Reis, de 40 anos, concorda "Se houvesse uma carreira que permitisse levar a bicicleta daqui até lá acima, a Santo António dos Olivais ou a Celas, depois podia-se ir, nela, a todo o lado". Mas aponta outros entraves a quem quer fazer deste um meio regular de deslocação: "Em Coimbra, os novos eixos rodoviários estão todos pensados para os automóveis. Podia haver uma solução alternativa para peões e bicicletas". Além disso, entende que existem poucos locais específicos para estacionar estes veículos não poluentes. "Mesmo em zonas de prática de desporto, como os estádios ou o Choupal, é muito raro haver", lamenta.
Carro? Só quando chove
Os condutores de automóveis também são alvo de críticas "Falta-lhes civismo, deviam respeitar mais quem anda de bicicleta", defende Amadeu Fernandes, 27 anos. Também é estreante na Massa Crítica de Coimbra, ainda que utilize a bicicleta regularmente. "Tenho carro, mas só o uso quando está a chover", refere.
Amadeu admite ter preocupações ecológicas, como a generalidade dos aderentes ao movimento. "As pessoas podiam usar mais a bicicleta. É saudável, porque fazem exercício físico, e não polui", diz Paulo Andrade. Pedro Silveira, de 28 anos, destaca outra vantagem em circular de bicicleta "É barato".
"Esta é uma boa iniciativa, a que toda a gente pode aderir é só ter uma bicicleta e aparecer", resume Amadeu Fernandes. Foi o que fez Mário Reis, depois de ter encontrado o site da Massa Crítica ao "passear pela Internet": "Fiquei surpreendido por estar a haver, na minha cidade, algo que é de apoiar", refere. O trajecto habitual começa no Largo da Portagem, passa pela Avenida Emídio Navarro e pela Fernão de Magalhães e prossegue até ao Choupal. "Mas o trajecto pode mudar", ressalva Paulo, que já pedalou desde Coimbra até ao cume da Serra da Estrela.
As "bicicletadas" são prática comum em cidades do mundo inteiro. Em Portugal, acontecem em Lisboa, Porto e Coimbra, na última sexta-feira de cada mês.
Artigo original do Jornal de Notícias aqui.
Está página era uma mensagem de blogue inicialmente, foi copiada para página de livro. Os comentários na mensagem de blogue eram:
O Paulo é o meu herói: - Sábado, 09/29/2007 - 15:31 — casainho
O Paulo é o meu herói: "... ressalva Paulo, que já pedalou desde Coimbra até ao cume da Serra da Estrela."
O artigo está muito bom! Boa exposição da ideia na imprensa!
Parabéns ao pessoal de Coimbra! Fico contente ao perceber que o grupo aumentou e que estão bem informados!
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